MAITREYA: UM JARDIM ENCANTADO NO CORAÇÃO DO BRASIL





No coração do Brasil, no nordeste do Estado do Goiás, as paisagens deslumbrantes da Chapada dos Veadeiros – uma formação geológica antiga, com grandes paredões de pedra e cachoeiras de águas cristalinas – estão envoltas em uma aura de mistério e magia. 
Constituída pelo encontro de duas placas tectônicas, com vários minérios no subsolo, afirma-se que, quando vista em imagens de satélite, essa é uma das regiões de maior luminosidade da Terra. 
Está assentada sob placas de cristais de quartzo e outras pedras com propriedades de canalizar energia. O que lhe confere, segundo alguns grupos, poderes especiais que podem ser sentidos pelas pessoas que ali vivem e visitam. 
O fato de estar próxima ao Paralelo 14 – a mesma linha que corta Machu Picchu e outros lugares sagrados do mundo, reforça a fama da região, considerada um polo do misticismo no país. 
Nesses meios, a Chapada dos Veadeiros é reconhecida como um dos principais centros energéticos do planeta, o seu chakra cardíaco
A natureza exuberante de um cerrado diferente de outras regiões do país (por causa da altitude, que varia de 1300 a 1700 metros), revela também uma expressiva diversidade cultural, representada por populações tradicionais indígenas, quilombolas e sertanejas. 
Paraíso do ecoturismo, nas últimas décadas a região virou reduto também de diversas “tribos modernas” -  adeptos de linhas espiritualistas, terapeutas holísticos, ufólogos, artistas e pessoas dispostas a viver de modos alternativos. 
Segundo Augusto Franco, autor do livro O Segredo do Paraíso [1], as condições formadas pela conjugação de fatores como a presença dos cristais, a existência de inúmeras nascentes, a miscigenação de raças, as belezas naturais e a força do seu campo energético – predestinariam a Chapada dos Veadeiros a ser um exemplo de novos modelos de vida individual e coletiva. E também da construção de novos paradigmas para a humanidade.
Os primeiros grupos alternativos começaram a se instalar na região no final da década de 50. Mas foi somente nos anos 80 que a região ganhou projeção no cenário nacional e internacional. 
Conta-se que a realização de um grande festival de rock no estilo Woodstock, fez com que alguns participantes, encantados e seduzidos pela beleza da Chapada, resolvessem por ali ficar. 
Aos poucos, diversos grupos ligados a diferentes tradições espiritualistas foram se instalando na região e construindo uma nova identidade para esse território, a partir da emergência de múltiplas formas de religiosidade relacionadas à Nova Era.
A atmosfera mística da região está presente não só nas paisagens, mas também em diversos elementos da arquitetura urbana das suas cidades e vilarejos. Dos pórticos de entrada; à estrutura exótica de casas, restaurantes e pousadas; das lojas de artigos esotéricos aos templos, igrejas e ashrans que proliferam em vários recantos. 
Uma estética urbana peculiar, repleta de simbologias místicas advindas de diversas tradições - orientais, xamânicas, ufológicas, entre outras -, que difere das demais cidades do interior goiano.

Nas proximidades da estrada que interliga Alto Paraíso a São Jorge (GO 239) avista-se o lugar conhecido como Jardim de Maitreya. Uma linda vista panorâmica de um campo aberto com veredas de palmeiras buriti emolduradas por morros com formações curiosas e, dependendo da época, salpicada de flores. 
Um dos principais cartões postais da Chapada dos Veadeiros, essa paisagem é considerada por muitos como um lugar mágico, cuja beleza proporciona sensação de paz e comunhão com a natureza. 
Conta-se que o local foi assim batizado por um grupo chamado Cavaleiros de Maitreya – uma referência ao mestre ascencionado da Grande Fraternidade Branca relacionado à figura de Jesus, Buda e Krishna. 
O lugar foi considerado por eles como dotado de um campo especial de força magnética, capaz de promover curas físicas e emocionais nas pessoas, abrir portais para outras dimensões e facilitar o contato com seres extra e intraterrenos.
O Jardim de Maitreya também é fonte de inspiração para diversos artistas que retratam a magia e a beleza das paisagens, da flora e da fauna da Chapada dos Veadeiros, como Otoniel Fernandes, autor da obra a seguir [2]. 


Como fica próximo da estrada, muitas pessoas param para contemplar o cenário de um pequeno mirante. 
O acesso ao campo úmido, no entanto, não é permitido, porque esse ecossistema é extremamente frágil e suscetível à degradação pelo pisoteio das pessoas. 
Além disso, a região passou por um incêndio no final de 2017 e ainda está em recuperação. 
Mas nem todos seguem essas recomendações, como indicam algumas reportagens sobre a região [3]. E o desejo de conseguir uma selfie sobrepõem ao cuidado e o respeito que se deveria ter ao vislumbrar um lugar sagrado.  
A busca pela espiritualidade e pelos significados mais profundos da vida, que atrai tantas pessoas a essa região, expressa a essência de tempos de mudança. 
Mesmo para aqueles que não se identificam com o estilo “bicho-grilo”, quando nos abrimos para um mergulho nessa região inevitavelmente somos tomados pelos encantos do lugar. 
Instigados a reavaliar padrões de comportamento, modos de vida e hábitos de consumo, não são poucas as pessoas que saem de lá dispostas a enveredar por alguma senda de autoconhecimento e mudança pessoal. 
Lugares como o Jardim de Maitreya nos fazem recordar de que às vezes é preciso parar e simplesmente respirar, relaxar e contemplar a beleza e as dádivas da vida. 
As paisagens incríveis da Chapada dos Veadeiros, os detalhes da fauna e da flora do cerrado, a simpatia das suas gentes e suas referências místicas nos lembram de um universo mágico e lúdico a que todos já fomos conectados, ao menos na infância. 
Uma natureza encantada que nos inspira a começar em nós as transformações que queremos ver no mundo! 

Obrigada
Érika Fernandes Pinto 
Primeira/Cruz/MA, 14/09/2019



[1]   Disponível em: http://www.veadeiros.com.br/segredo.htm

Comentários

  1. Muito bom texto sobre a Magia da Chapada dos Veadeiros


    Região que já morei
    Visito sempre

    Parabéns, Erika

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  2. Continuo adorando, mas a roda viva me levou a descontinuar o acompanhamento diário....

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  3. Linda narrativa. Convida a ir visitar.

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